sábado, 12 de dezembro de 2009

O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL


Após a primeira
quinzena do mês de novembro, é muito comum o comércio todo já estar preparado para as vendas de Natal. Luzes, cores, tronos para o papai noel, castelos encantados, enfim, tudo é cuidadosamente preparado para atrair o consumidor (sobretudo as crianças). Trata-se de uma época muito propícia, considerada o ponto alto das vendas, já que a injeção do 13º salário deixa a economia superaquecida. As pessoas tendem a ficar mais sensíveis, caridosas e até bondosas. Parece que as festas de fim de ano são como os capítulos finais de uma novela, onde a emoção toma conta das pessoas. Na verdade os capítulos finais se referem a mais um ano e, passadas as festas e o período de férias escolares, tudo volta como antes.

Pois bem, em meados de novembro, caminhava pelo centro da cidade onde trabalho quando me deparei com uma megaloja cheia de produtos natalinos. Não me contive – já que gosto de conferir novidades – e adentrei o estabelecimento. Logo nos primeiros passos ouvi uma senhora, um tanto perturbada com uma segunda pessoa, que dizia: “ah, não quero [enfeites de] sinos. Isso é coisa de igreja. Eu quero uma coisa que lembre o Natal”. Não demorou muito até encontrar um belo boneco do papai noel, apontando que aquilo sim lembrava o Natal. Preferi me calar diante de tal absurdo, pois parece que eu era minoria num “templo de consumo” onde quem manda na grande festa cristã parece ser o papai noel.

Nos grandes centros de compras, lá está o bom velhinho, rodeado de crianças interesseiras que não receberam a devida educação de seus pais, pelo menos com respeito a essa festividade. Acredita-se no papai noel, dá-se crédito a ele, coloca-se sua estátua em casa, estabelece-se a “política de merecimento” onde presente é consequência de bom comportamento. E o centro das comemorações é canalizado àquele que carrega um enorme saco cheio de presente! Jesus? Quem é este desconhecido?

Não há mais lugar para Cristo, assim como não havia lugar para seus pais na noite de seu nascimento. Já não se monta mais o presépio nas casas, tampouco o Menino-Deus ocupa um espaço, ainda que modesto (mesmo sendo Ele a razão da data celebrada), entre os enfeites do comércio. As pessoas confundem o Natal, trocando a figura central de Cristo pelo papai noel, assim como a Festa da Ressurreição de Jesus – a Páscoa, é reduzida a uma mera troca de ovos de chocolate, supostamente trazidos por um coelhinho.

Aquela pobre senhora (reforço, pobre senhora), já com seus pelo menos 70 anos, ainda não entendeu o sentido do Natal. A tradição, quando transmitida sem um fundamento sólido, se resume a apenas um costume. E costumes não se discutem, são vividos sem questionamentos.

Enfim, o Natal se aproxima. Voltamos àquele tempo, onde a Virgem Maria, acompanhada de seu esposo, São José, procuravam um lugar para o nascimento do Menino. Na Noite Santa, ofertaremos nossos corações quentes ou daremos nossas festas frias, carecidas de sentido? Sem Jesus, a ceia natalina é uma refeição comum, a árvore de Natal é um simples pinheiro enfeitado, as luzes são apenas um fator encarecedor da conta de energia elétrica, os presentes não passam de uma troca de gentilezas muitas vezes forçada. Mas se nos reunimos para valorizar a família, para entoar cantos alegres, para celebrar a vitória conquistada a cada dia de um ano que vai se encerrando; se as mãos se entrelaçam numa prece de ação de graças, se os presentes se remetem às lembranças trazidas pelos magos do oriente, aí sim celebramos uma festa bonita, cheia de sentido e cor. Afinal, o Natal objetiva proporcionar a reflexão, a mudança de atitude, o perdão, o desejo de paz universal e de vivência da Boa Nova que o aniversariante semeou.

Que neste Natal, o desejo de um mundo melhor sobreponha os interesses pessoais. Que os inimigos deem as mãos, que a maldade seja sufocada pelo bem, que o ódio seja superado pelo amor. E onde há amor aí Deus está, porque Deus não tem amor, mas é o próprio amor, amor feito homem para nos salvar.

FELIZ NATAL!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O CULTO À VIRGEM MARIA E AOS SANTOS

(originalmente publicada na edição de novembro/2009 do Informativo Anunciando)

O culto mariano existe desde os primórdios da Igreja. Aliás, na própria Bíblia encontramos indícios da veneração à Virgem como quando uma mulher do meio da multidão ergue a voz para proclamar um elogio à Mãe de Jesus: “Bem aventurado as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!” E Jesus responde: “Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,27-28), ou seja, Cristo proclama sua mãe como duplamente bem-aventurada, pois além de gerá-lo ainda observa a Palavra. O louvor pronunciado pela mulher é repetição do louvor proclamado inicialmente por Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1,42). O culto de veneração à Maria ganha força, sobretudo, após a definição do dogma da sua maternidade divina pelo Concílio de Éfeso (431). A partir daí, ao longo dos séculos, os títulos relacionados à Maria, as suas festas litúrgicas e as expressões da piedade popular a seu respeito foram se multiplicando. Outros dogmas foram proclamados posteriormente, a saber: Virgindade Perpétua (Concílio de Latrão, em 649), Imaculada Conceição (Papa Pio IX, em 1854) e Assunção de Maria (Pio XII, em 1950).

Da mesma forma, o culto aos santos também remonta ao início da era cristã. O sentido de tamanha veneração está no exemplo que estes homens e mulheres constituem, vivendo a sua humanidade abraçados à causa do Evangelho, do serviço e da doação. Tamanha graça de Deus numa vida eternizada em sua glória, donde podem interceder por nós junto de Cristo (cf. Mt 22,30 e Ap 6,9s).

Profundamente enraizada na tradição cristã, esta devoção sempre mereceu os cuidados da Igreja em não permitir que o culto mariano (hiperdulia), bem como o culto aos anjos e santos (dulia) ultrapassasse os limites, a ponto de se confundir com o culto prestado exclusivamente a Deus (latria). Interessante destacar as três modalidades de culto praticadas pela Santa Igreja: a dulia, a hiperdulia e a latria. De origem grega significam, respectivamente, honra, [culto] acima da honra (sem caracterizar adoração) e adoração. Portanto, não existe adoração a santos ou imagens, mas sim um culto de veneração, cujos exemplos são dignos de serem seguidos por quem também deseja alcançar a santidade em Deus.

Santos e Santas de Deus, roguem por nós!